21/02/2011

A VALORIZAÇÃO DA MORTE E O PODER DA PALAVRA


É impressionante como valorizamos mais a vida depois de uma experiência de morte (não a nossa, é claro), ou de quase morte. Outro dia, assisti a um programa de TV que falava sobre pessoas que estiveram à beira da morte. Estas pessoas relatam que suas vidas mudaram depois disso, e que hoje vêem a vida de uma maneira totalmente diferente. Dentre outras coisas, elas dizem que passaram a compreender melhor o que realmente tem valor neste mundo; as pessoas, a família, os relacionamentos, enfim, as coisas mais “simples”.

Parece que grande parte das pessoas valoriza mais as outras depois que estas morrem. Parece também, que todo mundo fica bom depois que vira defunto.

17/02/2011

EBAAAA, “NÓIS SEMOS ESPIRITUAL”



O QUE É A ESPIRITUALIDADE


          Frenesi, gritaria, arrepios, “línguas estranhas” (beeeeeem estranhas), rodopios, quedas espetaculares, e ao final, o orgulho de se sentir “ESPIRITUAL”, e o ar de reprovação para com aqueles que não entraram no “mover”. Bem sei que Deus é soberano e que certamente Seus caminhos, estratégias e meios são prerrogativas exclusivamente Suas, e que, portanto, Ele (somente Ele) pode fazer tudo da maneira que bem entender, não cabendo à nós, simples mortais, determinarmos coisa alguma. No entanto, o que me faz perder (ou arrancar) alguns dos poucos cabelos que me restam é o fato de ver o quanto o tipo de manifestações como as descritas no início deste parágrafo são vistas como sinônimo de espiritualidade. Ou seja, quanto mais barulho alguém conseguir fazer em uma reunião de culto (sim, porque isto só acontece nos cultos, quando a plateia é maior), mais “espiritual” ela é considerada.

EVANGELHO EM LIQUIDAÇÃO



           Até parece fim de feira! Acho que estamos vivendo a chamada “hora da chepa gospel”. Quem frequenta feiras de rua sabe que ao se aproximar o término destas, muitos feirantes reduzem drasticamente os preços de suas mercadorias, e, em meio a gritos, tentam de todas as formas ganhar mais alguns "trocados" com as frutas e verduras que restaram. Este cenário pode facilmente ser visto na maioria das “igrejas” hoje em dia. Parece que com a proximidade da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (é o fim da feira), os “pregadores”, “cantores”, “evangelistas”, etc., estão cada vez mais se transformando em feirantes do Reino. Vendedores de um “evangelho” que precisou ser barateado e ofertado através de gritos, malabares, acrobacias e shows pirotécnicos. Palavras com gosto de “chuchu”, “teologias” de properidade com gosto de pimenta, canções de caldo de cana, ou simplesmente evangelho “mamão com açúcar” fazem parte dos produtos ofertados (mas não de graça, é claro) nos púlpitos por aí.

É PROIBIDO PENSAR

“Pensar muito enlouquece, pense nisto”.

         Com perdão do trocadilho, “penso” que há muita gente levando esta frase de Albert Einstein a sério demais. Num mundo cada vez mais automatizado, onde tudo é instantâneo e o “professor Google” pensa por nós, a cada dia crescem a manipulação, especulação, o domínio, o engano e outras coisas nocivas. Enquanto nosso cérebro cria teias de aranha devido ao desuso, alguns seres “pensantes” articulam mais uma nova estratégia para nos manter alheios à verdade. Heresias, falsas doutrinas, profetadas, visões espetaculares criadas por mentes pervertidas e distantes do verdadeiro evangelho vão invadindo o espaço deixado em nossas mentes e corações por causa de nossa preguiça em buscar a verdade. Até parece que é realmente proibido pensar. Nossa capacidade de raciocínio e nosso senso crítico têm se transformado em meros acessórios desnecessários.

“O PASTOR É MEU senhor E NADA ME FALTARÁ”



         Este é um texto adaptado que retrata a infeliz realidade de muitas pessoas que têm na figura de seus pastores ou denominações (ou deveria chamar DOMINAÇÕES) seres ou instituições acima da própria palavra de Deus. E assim, se submetem cegamente aos seus ensinos e doutrinas, sem sequer passá-los pelo crivo das Escrituras Sagradas, e, com isso, incorrendo em sérios erros e desvios.
        “Naquele tempo eu até achava natural que as coisas fossem daquele jeito. Eu nem desconfiava que a vida pudesse ser melhor e que existiam lugares muito diferentes.

16/02/2011

CRUZADAS MODERNAS




         Se você pensa que a inquisição acabou, está enganado!

         Embora não fossem assim denominadas no tempo em que ocorreram, o termo “Cruzada” foi posteriormente atribuído a qualquer um dos movimentos militares de caráter cristão que partiram da Europa Ocidental e cujo objetivo era colocar a Terra Santa (nome pelo qual os cristãos denominavam a Palestina) e a cidade de Jerusalém sob o domínio dos cristãos. Estes movimentos estenderam-se entre os séculos XI e XIII, época em que a Palestina estava sob controle dos turcos muçulmanos.
          A expressão Cruzadas surgiu porque seus participantes se consideravam soldados de Cristo, marcados pelo sinal da cruz bordado em suas roupas.
          De acordo com Michael Baigent e Richard Leigh em seu livro A Inquisição, “além dos benefícios espirituais e morais, o cruzado gozava de muitas outras proteções em sua jornada por este mundo, antes mesmo de passar pelos portões celestes. Podia tomar bens, terras, mulheres e títulos no território que conquistasse...qualquer que fosse seu status em seu país – filho caçula sem terra, por exemplo – podia estabelecer-se como augusto potentado secular, com côrte, harém e uma substancial propriedade territorial”.                                           
         A adesão às cruzadas era, portanto uma forma de “garantir” benefícios espirituais eternos e naturais abundantes. As incursões militares eram apenas uma das maneiras utilizadas pela igreja da época a fim de recrutar adeptos para suas causas. Ela se valia ainda de muitos outros meios para oferecer “caminhos alternativos para o paraíso”. Através do martírio, a auto-mortificação, os rituais, penitências, os sacramentos e indulgências podiam-se “abrir as portas dos céus” aos crentes.
          Infelizmente o que vemos atualmente numa escala muito maior do que gostaríamos é que a prática de uma parte substancial da igreja não mudou, apenas se substituíram alguns termos: o martírio foi substituído por ofertas financeiras sacrificiais; a auto-mortificação, pela obediência cega e irrestrita à alguns líderes, mesmo quando estes não estiverem agindo exatamente de acordo com a Bíblia; os rituais continuam bem atuais, apenas acrescidos de adereços modernos e “souvenires” da fé que podem ser adquiridos nos templos em dias de campanhas especiais.
           Durante as várias cruzadas que ocorreram desde 1098 vemos muitas similaridades com o que podemos denominar “Cruzadas Evangélicas dos Tempos Modernos”. Tanto nas antigas, quanto nas atuais não podemos garantir que os resultados espirituais esperados tenham sido alcançados, mas podemos certamente afirmar que os “benefícios” de ser um cruzado são bem visíveis ainda hoje. Assim como no passado, atualmente é possível ver que enquanto para muitos restou apenas a frustração e a tristeza, para outros restaram os títulos de nobreza, o enriquecimento, a fama, as propriedades e a autoridade – ou arrogância e presunção – provenientes disso tudo.
           Naquela época ninguém contestava o fato de que a igreja era descaradamente corrupta. De acordo com Henry Charles Lea, autor de A History of the Inquisition of the Middle Ages, no início do século XIII o papa católico descrevia os sacerdotes da sua igreja como “piores que animais refocilando-se em seu próprio excremento”. Os bispos da época eram vistos como “pescadores de dinheiro e não de almas”.
            Em alguns aspectos é possível compararmos a história da igreja da idade média com a igreja contemporânea. Basta um pequeno esforço de nossas mentes para lembrarmos de escândalos recentes que abalaram o Brasil envolvendo inclusive grande parte dos parlamentares evangélicos. “A bancada Evangélica foi reduzida quase à metade e o escândalo dos sanguessugas foi o maior responsável”, conclui o sociólogo Ricardo Mariano, professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), autor de pesquisas sobre a participação política dos evangélicos. “A questão da ética e da moralidade é algo brandido em toda campanha evangélica e esses escândalos pegaram muito mal, principalmente no interior das igrejas”, acrescenta.  A acusação de evasão de divisas para os Estados Unidos contra líderes notórios de uma grande denominação no Brasil, imagens de evangélicos orando agradecidos pela ajuda financeira proveniente de desvios de verbas públicas, ou ainda, os escandalosos apelos por dinheiro em muitos templos religiosos nos levam a concluir que infelizmente a história do século XIII não é muito diferente da dos dias de hoje, e que a afirmação do papa de então, sobre os religiosos da época; “piores que animais refocilando-se em seu próprio excremento”, e “pescadores de dinheiro e não de almas” ainda se aplica (e parece que cada vez mais) ao cenário dito “Cristão” de nossos dias.

By  C. R. Zago








Referências: BAIGENT, M. & LEIGH, R. A Inquisição. Ed. Imago, Rio de Janeiro (2001).